Se
você já assistiu a filmes de faroeste, como os de John Wayne e Sergio Leone,
conhece bem os duelos: desentendimentos nos saloons, cada cowboy conta
vinte passos e dispara. Bem, para começar o Velho Oeste real não era tão hollywoodiano assim,
mas esses filmes mostraram ao mundo uma dramática e “ritualizada” maneira de
resolver certas diferenças. Mas isso vem de muito antes.
Duelos
pela “reparação da honra” foram, ao longo da história, parte da vida – e razão
da morte – de muita gente. Quem era desafiado poderia até recusar, claro, mas
ficaria marcado como covarde para sempre.
O
desafio era lançado; as armas escolhidas; quase sempre ao amanhecer; a presença
de “padrinhos” (encarregados de levar as armas e tentar a reconciliação); às
vezes, até médicos de prontidão. Aí, sim, o pau podia comer entre os
dois. Matar não era, necessariamente, o objetivo final: antes de mais nada, o
duelo era para recuperar a honra, sem mortes. Mas, claro, “acidentes”
aconteciam.
Confira alguns
dos duelos que entraram para a história.
1552. Isabella de
Carazi versus Diambra de Petinella
Em Nápoles,
Itália, duas jovens da nobreza, Isabella de Carazi e Diambra de Petinella, se
apaixonaram pelo mesmo homem, um tal de Fabio de Zeresola. Nenhuma das duas
queria abrir mão do rapaz e decidiram resolver o triângulo amoroso em um duelo
de espadas. O trágico evento contou até com a presença do vice-rei espanhol,
Marqués del Vasto, e só terminou com a morte de Isabella.
1598. Ben Johnson versus Gabriel Spenser
Por motivos que
não chegaram até nós, o dramaturgo inglês Bem Johnson, autor da comédia “Volpone”
e grande rival de Shakespeare, duelou contra o ator Gabriel Spencer. Resultado:
a morte de Spencer e a prisão de Johnson, que só conseguiu se safar ao se
converter ao catolicismo – e doar todas as suas propriedades para a Igreja.
1804. Aaron Burr versus Alexander Hamilton
Esse duelo entrou
para os anais da política. O vice-presidente dos Estados Unidos Aaron Burr
acusou o ex-secretário do Tesouro Alexander Hamilton de insultá-lo em um
artigo. Hamilton alegou não se lembrar do incidente, recusou-se a pedir
desculpas e foi desafiado para um duelo. No dia e hora marcados, Hamilton foi
até o local resolver pacificamente a questão. Porém, foi recebido com um tiro
no estômago e morreu na tarde seguinte.
1806. Charles
Dickinson versus Andrew Jackson
Charles Dickinson
– não é o escritor homônimo – era um homem violento e que gostava de resolver
as coisas na bala. As estimativas de duelos que participou variam de 5 a 100.
Um tal de Andrew Jackson, que viria a ser o sétimo presidente dos EUA, acusou o
valentão de insultar sua esposa e o desafiou para um duelo. Resultado: a
surpreendente morte de Dickinson e uma bala alojada próxima ao coração de
Jackson, que nunca pode ser extraída.
1837. Aleksandr
Pushkin versus Georges d’Anthès
O romancista
russo Aleksandr Pushkin – autor de “Boris Godunov” e “Eugene Onegin” – estava
irritado com os rumores que corriam “a boca pequena” de que sua esposa o traía
com o próprio cunhado, um oficial francês chamado Georges d’Anthès. Resolveu
tirar a limpo a história e desafiou o oficial. Pushkin estava confiante,
afinal, era um duelista experiente. Mas o destino foi cruel: atingido na
barriga por um tiro de d’Anthès, morreu dois dias depois do fatídico duelo.
1832. Évariste
Galois versus Perscheux d’Herbinville
O
matemático francês Évariste Galois, responsável pelas bases do que ficou
conhecida como a “Teoria de Galois”, era um ávido republicano em época de
monarquia, o que lhe dava inúmeras dores de cabeça – além de seguidas prisões
sob acusação de “conspiração contra o rei”. Após uma delas, Galois travou um
duelo com Perscheux d’Herbinville. Acabou morto. Alguns dizem que o duelo foi
pela disputa do coração de uma dama. Mas, o que correu pelas ruas de Paris, é
que essa história foi um pretexto para encobrir as razões políticas de sua
morte.
Veja a parte 2 da matéria na revista
Superinteressante aqui.
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