Este é um assunto dos mais controversos: a origem das
espécies, desde as bactérias mais simples até os orgulhosos seres humanos.
A razão básica da confusão é que algumas pessoas querem fazer crer que existe
um conflito intrínseco entre a teoria da evolução pela seleção natural e as
religiões. É mentira.
Fósseis
do gênero Homo de 1,8 milhão de anos encontrados na Ásia: nossos
parentes evolutivos.
A
ciência, aliás, não é inimiga da religião. As duas são naturalmente
complementares, e existe beleza no equilíbrio — admirá-las igualmente pelo que
são, tentativas de contextualizar a existência humana respectivamente nos
níveis natural e espiritual.
Uma diferença importante entre elas é que
a ciência, por sua própria natureza, se propõe a estabelecer (tanto quanto
possível) fatos objetivos. Já a religião fala de “verdades” pessoais. Por isso
cada um de nós pode ter suas próprias crenças, mas temos todos em comum uma
única ciência. E também é por isso que neste texto, daqui em diante, vamos
discutir apenas ciência. Começando do rasinho. Como se produz o conhecimento
científico?
A coisa funciona do seguinte modo:
primeiro deparamos com um fenômeno que desejamos compreender. Pode
ser qualquer coisa. Um exemplo simples: como acontece a chuva? Diante do
enigma, parte-se para formular uma hipótese. Podemos, por exemplo, imaginar que
a chuva está ligada à temperatura da água. Se aquecida, ela vira vapor e sobe. Se
resfriada, ela cai de volta no chão. Certo, temos nossa hipótese. E agora? A
ciência dita que precisamos colocar essa ideia à prova. Testá-la com
experimentos e observações.
Podemos esquentar a água com fogo e notar
que, a partir de um determinado momento, ela começa a subir para o ar, na forma
de fumaça. E se aprisionarmos esse vapor ascendente num recipiente notaremos
que, ao entrar em contato com a superfície mais fria, ele volta a virar
líquido. E percebemos que isso acontece também no mundo lá fora, embora em
ritmo bem mais lento. Uma poça d’água desaparece sob a ação da luz do Sol e
volta a se formar quando água cai do céu em forma de chuva. Grosso modo, a
confirmação de nossa hipótese a converte em teoria. Ela não é mais só um
exercício racional de adivinhação. Ela é uma explicação concreta que nos
permite compreender e até mesmo prever fenômenos.
Essa nossa teoria simples da chuva
explica toda a história? Claro que não. Sobre ela outros cientistas teriam de
formular outras hipóteses, que explicam como a água pode evaporar mesmo que a
poça inteira nunca atinja a temperatura necessária, ou como a água se aglutina
em nuvens e o que acontece na atmosfera para fazê-la se liquefazer e, enfim,
chover de volta ao chão. Essas hipóteses serão postas à prova e gerarão novas
teorias, que tornarão nossa compreensão do fenômeno ainda mais refinada. Mas
note que novas teorias não substituem as antigas. Elas aprofundam o
entendimento, sem anular as conclusões obtidas antes.
É a tal história do Isaac Newton, que ao
formular as bases da física moderna se disse “sobre os ombros de gigantes”. Ele
construiu sua obra sobre alicerces sólidos. A ciência é um muro de tijolos.
Novos tijolos são constantemente colocados no muro. Mas os antigos raras vezes
são substituídos. No mais das vezes, eles continuam formando a parede, que fica
cada vez mais alta, permitindo que enxerguemos cada vez mais longe.
Por isso é de uma desonestidade
intelectual profunda acusar a evolução pela seleção natural de ser “apenas uma
teoria”. Em ciência, uma teoria é o máximo que uma ideia pode chegar a ser. E
ela atinge esse ponto só depois que foi corroborada por observações e
experimentos. Só depois que ela se mostra a melhor explicação possível para um
certo conjunto de dados.
É nesse contexto que vamos apresentar
aqui cinco provas da evolução das espécies. Os mais atentos talvez queiram
criticar meu uso da expressão “provas”, lembrando o filósofo da ciência Karl
Popper, que sugere que observações só podem refutar teorias, mas nunca
prová-las. Concordo com Popper. Mas uso aqui o termo “provas” no sentido
jurídico. Imagine que estamos num tribunal, que julgará a veracidade da teoria
da evolução. O Mensageiro Sideral se apresenta como promotor, apontando
provas circunstanciais conclusivas. Decerto os opositores apresentarão seus
argumentos de defesa nos comentários abaixo. E o juiz do caso? É você, caro
leitor. Leia, reflita e julgue os fatos.
Matéria completa aqui.
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