Os
banqueiros da grande bancaria do mundo, que praticam o terrorismo do dinheiro,
podem mais que os reis e os marechais e mais que o próprio Papa de Roma. Eles
jamais sujam as mãos. Não matam ninguém: se limitam a aplaudir o espetáculo.
Seus
funcionários, os tecnocratas internacionais, mandam em nossos países: eles não são
presidentes, nem ministros, nem foram eleitos em nenhuma eleição, mas decidem o
nível dos salários e do gasto público, os investimentos e desinvestimentos, os preços,
os impostos, os lucros, os subsídios, a hora do nascer do sol e a frequência
das chuvas.
Não
cuidam, em troca, dos cárceres, nem das câmaras de tormento, nem dos campos de concentração,
nem dos centros de extermínio, embora nesses lugares ocorram as inevitáveis consequências
de seus atos.
Os
tecnocratas reivindicam o privilégio da irresponsabilidade:
— Somos
neutros — dizem.
Eduardo
Galeano, in O livro dos abraços
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