Resíduo florestal. É
esse nome requintado que ironicamente define a matéria-prima predileta do
designer Hugo França. Desde o final da década de 1980, ele transforma madeira
descartada pela movelaria tradicional ou condenada naturalmente em bancos,
cadeiras, mesas, aparadores, prateleiras e adornos, batizados de esculturas
mobiliárias. Das mais de 1.000 já produzidas até hoje, 98 estão no Inhotim,
detentor da maior coleção de trabalhos do designer.
É impossível caminhar pelo parque e não notar
essas incríveis estruturas de apelo sustentável. Rústicas, mas muito
aconchegantes, convidam visitantes a uma pausa, seja para descansar, contemplar
a natureza ou refletir sobre alguma das 170 obras de arte em exposição.
Parceiro antigo, Hugo França instalou seu primeiro trabalho no jardim ainda na
década de 1990, antes mesmo da criação do Instituto, em 2006. Colocou sob a
sombra do Tamboril, árvore centenária que hoje é um dos símbolos do parque, um
imenso banco, substituído recentemente por um maior, também do designer.
A história de Hugo França com a madeira começa
há quase três décadas. Ansioso por um novo estilo de vida, mudou-se para
Trancoso/BA, onde viveu por 15 anos. Lá descobriu o pequi-vinagreiro, árvore
comum na Mata Atlântica baiana, mas pouco útil na marcenaria usual por ser
muito irregular. Começou, então, a aproveitar raízes desenterradas, troncos
ocos, galhos e o que mais encontrasse para criar peças únicas, que valorizam as
texturas e formas naturais dessas plantas a princípio rejeitadas.
Os primeiros cortes são
feitos onde a madeira é encontrada – e não é à toa. Alguns blocos chegam a
pesar acima de uma tonelada e precisam ser divididos para serem transportados.
Ainda na mata, já começam a se transformar em bancos e mesas e são finalizados
em uma das oficinas de Hugo França. De lá, suas esculturas seguem para o mundo.
Além de figurar entre coleções particulares,
como a do Inhotim, seu trabalho já foi apresentado em uma extensa lista de
instituições, como o MAD Museum, em Nova York; o Instituto Tomie Ohtake, em São
Paulo; a Art Rio, no Rio de Janeiro e atualmente o Fairchild Tropical Botanic
Garden, jardim botânico localizado em Miami, nos Estados Unidos. Até maio de
2014, quem passar por lá poderá conhecer 25 esculturas mobiliárias do
artista, que com seu olhar sensível é capaz de fazer renascer a natureza.
Fonte: www.inhotim.org.br.
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