Por
que tão longe dos deuses? Talvez por perguntá-lo.
E daí? O homem é o animal que pergunta.
No dia em que soubermos verdadeiramente perguntar, haverá diálogo. Por
enquanto, as perguntas nos afastam vertiginosamente das respostas. Que epifania poderemos esperar se
estamos nos afogando na mais falsa das liberdades, a dialética judaico-cristã?
Faz-nos falta um Novum Organum de verdade, é preciso abrir de par em par as
janelas e lançar tudo para a rua, mas sobretudo também é preciso lanças a
janela e nós com ela. É a morte, ou sair voando. É preciso fazê-lo de qualquer
modo. É preciso ter coragem para entrar no meio das festas e colocar sobre a
cabeça da esfuziante dona da casa um belo sapo verde, presente da noite, e
assistir sem horror à vingança dos lacaios.
Julio
Cortázar, in O jogo da amarelinha
Nenhum comentário:
Postar um comentário