“Combaterei pelo primado do Homem sobre o indivíduo
- como do universal sobre o particular. Creio que o culto do universal exalta e
liga as riquezas particulares - e funda a única ordem verdadeira, que é a da
vida. Uma árvore está em ordem, apesar das raízes que diferem dos ramos.
Creio que o culto do particular só leva à morte -
porque funda a ordem na semelhança. Confunde a unidade do Ser com a identidade
das suas partes. E devasta a catedral para alinhar pedras. Combaterei, pois,
todo aquele que pretenda impor um costume particular aos outros costumes, um
povo aos outros povos, uma raça às outras raças, um pensamento aos outros
pensamentos.
Creio que o primado do Homem fundamenta a única
Igualdade e a única Liberdade que têm significado. Creio na Igualdade dos
direitos do Homem através de cada indivíduo. E creio que a única liberdade é a
da ascensão do homem. Igualdade não é Identidade. A Liberdade não é a exaltação
do indivíduo contra o Homem. Combaterei todo aquele que pretenda submeter a um
indivíduo - ou a uma massa de indivíduos - a liberdade do Homem.
Creio
que a minha civilização denomina ‘Caridade’ o sacrifício consentido ao Homem
para que este estabeleça o seu reino. A caridade é dádiva ao Homem, através da
mediocridade do indivíduo. É ela que funda o Homem. Combaterei todo aquele que,
pretendendo que a minha caridade honre a mediocridade, renegue o Homem e,
assim, aprisione o indivíduo numa mediocridade definitiva.
Combaterei
pelo Homem. Contra os seus inimigos. Mas também contra mim mesmo.”
Antoine de Saint-Exupéry,
in Piloto de Guerra
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