sábado, 23 de novembro de 2013

Na mistura, o melhor eclipsa o pior

“Quando estamos febris, tudo quanto provamos nos parece amargo e desagradável, mas, ao vermos outrem saborear as mesmas iguarias sem fazer cara feia, não mais culpamos a comida ou a bebida: culpamo-nos a nós mesmos e ao nosso destempero. De modo similar, desistimos de incriminar as circunstâncias e de com elas nos preocupar quando vemos outrem aceitando as mesmas circunstâncias plácida e alegremente. Quando as coisas não correm na medida dos nossos desejos, muito contribuirá para o nosso contentamento pensarmos nas coisas agradáveis e encantadoras que nos pertencem; na mistura, o melhor eclipsa o pior. Quando os nossos olhos são ofuscados pela claridade excessiva, nós acalmamo-nos olhando para a verde relva e para as flores; todavia, mantemos a mente absorta com o que é penoso e forçamos-na a remoer sem trégua os vexames, desviando-a violentamente de pensamentos mais reconfortantes.”
Plutarco, in Do Contentamento

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