Bião
levantou-se e repetiu: “Tá pensando mesmo em mudar de curso, é minha filha?”
Novamente calado como resposta. A colher permanecia suspensa, a sopa esfriava,
o pão era da mosca. Cláudia mantinha-se logada ao aparelhinho. Bião buscou o
olhar da esposa. Fracassou. Havia meia hora Carlinda falava ao celular, o leite
virando gelo. Procurou o filho. Carlinhos jantava na sala. Jantava, vírgula.
Imitava a irmã.
Bião
riu, ficou nu, subiu na cadeira, esbravejou: “Pelo amor de Deus. Quem tá
falando com você, Cláudia?”
“A
doidinha de minha namorada, pai”.
Cláudia respondeu, mas não tirou a vista
do aparelhinho.
Tião Carneiro, potiguar de Extremoz, editor do blog www.pocilgadeouro.com. Mininarrativa especial para o Projeto
Cem Palavras - Contos.
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