Era
uma vez um reino muito, muito distante e diferente. Veja como agia uma classe
dominante local, a dos médicos, divergindo da dos outros reinos circundantes.
Os
médicos privilegiavam atender nas áreas mais remotas das cidades e,
principalmente, no interior do reino. Alguns, mais radicais, negavam-se a
clinicar na capital e nas principais cidades. Justificavam-se pelo uso do
dinheiro público na formação acadêmica deles, pois era notória a péssima qualidade do
ensino privado nessa área.
Muitos
que atendiam nos grandes centros urbanos só assinavam o ponto nos hospitais
particulares - em conluio com os dirigentes dessas empresas -, e iam trabalhar
nos hospitais públicos.
Alguns
chegavam a desviar dos hospitais particulares materiais e medicamentos que, por
ventura, faltassem nas entidades públicas.
E
quando o poder local contratou médicos de outros reinos para atender a demanda
que a maioria dos médicos não tinha interesse, estes concordaram e saíram às
ruas para manifestar concordância com tal projeto. Afinal, mais médico, mais
saúde.
E viveram felizes para sempre.
Elilson
José Batista, in Diário do Absurdo
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