quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Um reino diferente

Era uma vez um reino muito, muito distante e diferente. Veja como agia uma classe dominante local, a dos médicos, divergindo da dos outros reinos circundantes.
Os médicos privilegiavam atender nas áreas mais remotas das cidades e, principalmente, no interior do reino. Alguns, mais radicais, negavam-se a clinicar na capital e nas principais cidades. Justificavam-se pelo uso do dinheiro público na formação acadêmica deles, pois era notória a péssima qualidade do ensino privado nessa área.
Muitos que atendiam nos grandes centros urbanos só assinavam o ponto nos hospitais particulares - em conluio com os dirigentes dessas empresas -, e iam trabalhar nos hospitais públicos.
Alguns chegavam a desviar dos hospitais particulares materiais e medicamentos que, por ventura, faltassem nas entidades públicas.
E quando o poder local contratou médicos de outros reinos para atender a demanda que a maioria dos médicos não tinha interesse, estes concordaram e saíram às ruas para manifestar concordância com tal projeto. Afinal, mais médico, mais saúde.
E viveram felizes para sempre.
Elilson José Batista, in Diário do Absurdo

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