“O ator acaba por não deixar de pensar na
impressão causada pela sua pessoa e no efeito cênico total, até por ocasião da
mais profunda mágoa, por exemplo, mesmo no enterro do seu filho; chorará ante o
seu próprio desgosto e respectivas exteriorizações como sendo o seu próprio
espectador. O hipócrita, que desempenha sempre um mesmo papel, acaba por deixar
de ser hipócrita. ... A profissão de quase toda a gente, até do artista, começa
com hipocrisia, com uma imitação a partir do exterior, com um copiar de aquilo
que é eficaz. Aquele, que traz sempre a máscara das expressões fisionômicas
amistosas, tem de acabar por adquirir poder sobre as disposições anímicas
benévolas, sem as quais não é possível forçar a expressão da afabilidade - e,
finalmente, por seu turno adquirem estas poder sobre ele: ele é amistoso.”
Friedrich
Nietzsche, in Humano, Demasiado Humano
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