quinta-feira, 18 de abril de 2013

Sobre ateus, agnósticos e religiosos

“O primeiro passo é respeitar o próximo. Mas eu acrescentaria um ponto de vista: quando uma pessoa diz ‘eu sou ateu’, acredito que está assumindo uma postura arrogante. A posição mais rica é a daquele que duvida. O agnóstico pensa que ainda não encontrou a resposta, agora o ateu tem certeza, 100%, de que Deus não existe. Tem a mesma arrogância de quem garante que Deus existe, tal como esta cadeira sobre a qual estou sentado. Nós, religiosos, somos crentes, não damos por certa Sua existência. Podemos percebê-la em um encontro muito, muito, mas muito profundo, mas nunca O vemos. Recebemos respostas sutis. A única pessoa que, segundo a Torá, explicitamente falava com Deus, cara a cara, era Moisés. Aos outros – Jacó, Isaac – a presença de Deus chegava em sonhos ou em refrações. Dizer que Deus existe, como se fosse mais uma certeza, também é uma arrogância porque tenho de ter a mesma humildade que exijo do ateu. O exato seria dizer – como Maimônides enuncia em seus treze princípios de fé – ‘eu acredito com fé plena que Deus é o Criador’. Seguindo a mesma linha de Maimônides, podemos dizer o que Deus não é, mas não podemos assegurar o que Deus é. Podemos mencionar suas qualidades, seus atributos, mas de jeito nenhum podemos lhe dar forma. Eu recordaria ao ateu que há uma perfeição na natureza que está enviando uma mensagem; podemos conhecer suas fórmulas, mas nunca sua essência.”
Rabino Abraham Skorka, in Sobre o Céu e a Terra

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