Imagem: Google
Estamos
aqui brincando de fazer quadrinhas. Já as pratiquei a sério e
profissionalmente, mas escondido e em segredo. Foi em 65, quando Boal compunha
com Caetano e Gil o Arena Canta Bahia. Augusto Boal passara seis meses no
sertão da Bahia com Roberto Santana, recolhendo material folclórico. Usando-o
na composição, os três primeiros armavam pequenos quadros de costumes
nordestinos e o enredo de uma sucinta biografia de Lampião. De vez em quando,
no costurar do tecido, faltava uma ligação para unir dois blocos daquela colcha
de retalhos.
“Que
pena! Puxa vida! Estava ficando tão bom… Mas não dá” etc.
Eu
intervinha:
“Creio
que conheço uma estrofe de cantiga de roda que faria bem essa ligação. Vou ver
se me lembro”. Ia pra casa, fazia a “cantiga de folclore”, no outro dia chegava
no ensaio e dizia, bem casual:
“Ah,
sabe aquela ligação? Me lembrei dos versos”.
A
estrofe dava certinha no elo faltante. Todo mundo comemorava e eu dizia:
“Puxa, é mesmo, dá na medida!”.
Tom
Zé, in Tropicalista lenta luta
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