“A história da arte só pode basear-se na
mais elevada e completa concepção da arte. O progresso cronológico e
psicológico da humanidade na arte somente pode ser exibido mediante o contato
com os mais perfeitos objetos que o homem tem sido capaz de produzir. A arte
foi de início uma atividade limitada, ocupada com a seca e magra imitação tanto
do significante como do insignificante. Desenvolveu-se, então, uma
sensibilidade mais delicada e atraente pela natureza, e, finalmente,
conhecimento, regularidade, força e seriedade foram acrescentados de tal modo
que, favorecida pelas circunstâncias, a arte elevou-se às alturas, até que afinal
se tornou possível para o gênio afortunado, munido de tudo isso, produzir o
encantador e o perfeito. Infelizmente, porém, as obras de arte que proclamam
tal facilidade, que dão aos homens um sentimento tão reconfortante, que os
inspiram com liberdade e serenidade, sugerem ao artista que deseja emulá-las
que elas foram criadas com igual facilidade. A mais alta realização da arte e
do gênio é uma aparência de facilidade e leveza, e o imitador sente-se tentado
a facilitar as coisas para si mesmo e trabalhar apenas nessa aparência
superficial. Assim a arte gradualmente declina da sua condição elevada, tanto
no todo como nos detalhes.”
Goethe
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