Uma
antologia recém-publicada na França reúne mais de cem brasileiros, ao longo de
1.500 páginas, num largo painel do País, que vai do século 16 ao 20 sublinhando
as sutis afinidades entre os autores.
Les
éditions Chandeigne são ousadas. Elas publicaram uma obra de 1.500 páginas, La
Poésie du Brésil - Anthologie du XVIe au XXe Siècle, que apresenta as obras de
134 autores, desde os mitos ameríndios aos poetas concretistas do século 20. A
tipografia é elegante e a programação visual, cuidadosa. Todos os textos são
apresentados em versão bilíngue. Max de Carvalho, que organizou este monumento,
traduziu os poemas para o francês com Magali de Carvalho e François Beauchamp.
A poesia de um país não tem começo ou então seria preciso perscrutar os
rabiscos no fundo das cavernas do período pré-histórico ou o vento das savanas.
Para o Brasil, recuperar os primórdios de sua literatura é uma missão ainda
mais inviável, porque os índios que habitavam as selvas antes da chegada dos
portugueses não tinham escrita.
Max
de Carvalho escolheu, no entanto, nos fazer ouvir, no início de sua antologia,
os ecos das poesias índias. Sob o belo título Les Immémoriaux (Os
Imemoriais), ele reagrupa lendas submersas ou cantos recolhidos entre xamãs
pelos etnólogos. Alguns objetarão que os primeiros poetas do Brasil desprezavam
a palavra indígena como um peixe despreza uma maçã e que eles eram mais
influenciados pelas canções de gesta da Europa do que pelas tribulações do
pássaro amarelo ou do grande peixe amazônico.
Isso
não é absolutamente exato. Entre os primeiros poetas portugueses, encontram-se
homens, jesuítas, sobretudo - por exemplo, o apóstolo do Brasil, o grande José
de Anchieta (1534-1597) -, que falavam o guarani. Anchieta é conhecido pelos
sermões furiosos equivalentes aos de Bossuet no século seguinte. Ele também
escrevia poemas poderosos. Um dia, na condição de refém voluntário dos índios
tamoios, ele escreveu na areia de uma praia, com a ponta de seu cajado, um
poema de 6 mil versos, os quais decorou e posteriormente transcreveu. Alguns
consideram essas caligrafias de areia como o primeiro poema do Brasil.
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