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Carrego
comigo o insuportável mau hábito de querer estar próximo de quem gosto, esta
vontade besta de querer cuidar de quem pretensamente penso ser meu, esta babaquice
de zelar pelo outro ser como você gostaria de ser zelado, bobagem de quem quer cultivar
sementes em deserto - terra infértil - coisa de romântico abobalhado.
Há
de deixar-se que floresça ao léu o que tiver que florescer, como o xique-xique
no sertão que não se entrega à secura da terra quente e faz brotar seus frutos e
flores.
Há
que se furar no espinho, assim mesmo, os que não sabem distinguir o dissabor do
estar longe, da prazenteira felicidade do que é perto e doce.
Se
é liberdade tal proeza, que seja, eu prefiro o aprisionamento do enlaçar das
mãos, a mão na cintura, a boca no lábio alheio, a vontade de não sair, de não
fechar a porta, de correr pros braços.
Carrego
comigo um monte de sentimentos em desuso no velho baú de sonhos que hoje já quase
não mais fazem sentido.
Piegas,
diriam tantos. E eu vou seguindo na multidão, cultivando estas coisas sem saber
ao certo se um dia ainda irei usá-las.
Não está errado querer ser só, viver os
dias sem algemas que o cerceiem as loucuras que sejam, mas não está certo a
desventura da solidão para quem se conquista. Senão, abre mão, deixa voar, pois
se já não é importante a presença, que a ausência se faça companhia.
Caio
César Muniz, in Coluna
Recitanda, de O Mossoroense, 24/02/2013
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