domingo, 24 de fevereiro de 2013

Cuidar ou não cuidar... eis a questão!


Imagem: Google

Carrego comigo o insuportável mau hábito de querer estar próximo de quem gosto, esta vontade besta de querer cuidar de quem pretensamente penso ser meu, esta babaquice de zelar pelo outro ser como você gostaria de ser zelado, bobagem de quem quer cultivar sementes em deserto - terra infértil - coisa de romântico abobalhado.
Há de deixar-se que floresça ao léu o que tiver que florescer, como o xique-xique no sertão que não se entrega à secura da terra quente e faz brotar seus frutos e flores.
Há que se furar no espinho, assim mesmo, os que não sabem distinguir o dissabor do estar longe, da prazenteira felicidade do que é perto e doce.
Se é liberdade tal proeza, que seja, eu prefiro o aprisionamento do enlaçar das mãos, a mão na cintura, a boca no lábio alheio, a vontade de não sair, de não fechar a porta, de correr pros braços.
Carrego comigo um monte de sentimentos em desuso no velho baú de sonhos que hoje já quase não mais fazem sentido.
Piegas, diriam tantos. E eu vou seguindo na multidão, cultivando estas coisas sem saber ao certo se um dia ainda irei usá-las.
Não está errado querer ser só, viver os dias sem algemas que o cerceiem as loucuras que sejam, mas não está certo a desventura da solidão para quem se conquista. Senão, abre mão, deixa voar, pois se já não é importante a presença, que a ausência se faça companhia.
Caio César Muniz, in Coluna Recitanda, de O Mossoroense, 24/02/2013

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