Imagem: Google
Eu
considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo
imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não
existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas
d'água em que a luz se fragmenta, como em um prisma. O pavão é um arco-íris de
plumas.
Eu
considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com
o mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério
é a simplicidade.
Considerei, por fim, que assim é o amor,
oh! minha amada; de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira em mim
existem apenas meus olhos recebendo a luz de teu olhar. Ele me cobre de glórias
e me faz magnífico.
Rubem
Braga, in Ai de ti, Copacabana
Nenhum comentário:
Postar um comentário