"Os
estudos servem para deleite, ornamento e proficiência. Para deleite, são
principalmente usados na vida íntima e retirada; para ornamento, nos discursos;
e para proficiência, no exame e resolução de negócios. Os homens experientes
estão capacitados a decidir, ou opinar sobre casos isolados; mas os conselhos
genéricos, o planeamento e condução de negócios, cabem antes aos proficientes.
Gastar tempo demasiado em estudos é indolência; abusar deles como ornamento é
afetação; julgar apenas de acordo com os seus preceitos é coisa de escolástico.
Os estudos aperfeiçoam a natureza e são
aperfeiçoados pela experiência, porquanto os dotes naturais são como as
plantas: devem ser cultivados mediante o estudo. Outrossim, quando não estão
vinculados à experiência, os estudos fornecem diretivas a esmo. Os homens
hábeis desprezam os estudos, os simples admiram-nos, e os sábios utilizam-nos.
Os estudos não ensinam o seu próprio uso; esta é uma sabedoria independente e
superior a eles, que vem da observação."
Francis
Bacon, in Ensaios Civis e Morais
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