O Centauro
Nasci numa verde campina
De coice, casco, anca e crina
De peito, dorso e olho forte.
- Criei-me virado pro norte.
De coice, casco, anca e crina
De peito, dorso e olho forte.
- Criei-me virado pro norte.
Meu porte era príncipe e pelo
Meu corpo dourava meu pelo.
Meu signo – abril - era Touro
- Nasci sem temer matadouro.
Meu signo – abril - era Touro
- Nasci sem temer matadouro.
Galope, galardo, galante.
Valente, valoroso, vadiante.
Fui xucro, sem sela, selvagem.
- Não fui parte, eu era a paisagem!
Beleza de Pégasus e fúria,
- Sem marca e sem ter ferradura.
Em raio e relâmpago a raça.
Em raio e relâmpago a raça.
De corpo corcel a couraça.
Mas manso em malícia e meloso
Em arrodear égua em ouso...
E assim me cresci tempo afora
E assim me cresci tempo afora
E vim dar nos tempos de agora.
E que por cavalo me tomem,
Que estes, então, não me domem,
Porque, quem domar pode o homem,
Quem nunca o animal domar pôde?
E logo, quem não domar pode
Porque, quem domar pode o homem,
Quem nunca o animal domar pôde?
E logo, quem não domar pode
O bicho ou o homem, então como
Domar se a mim não me domo?
É que bicho ou homem já é raro,
então domar como, um CENTAURO?...
Paulo
César Pinheiro
Desafio
Éramos eu e um cavalo
No seu galope macio
Pulando cerca de arame
Pisando morro de pedra
Andando em leito de rio.
No seu galope macio
Pulando cerca de arame
Pisando morro de pedra
Andando em leito de rio.
Éramos eu e um cavalo
E era um cavalo bravio
Casco de lâmina forte
Andar de chão de montanha
Crina de véu e pavio
Ele bufando fagulha.
E era um cavalo bravio
Casco de lâmina forte
Andar de chão de montanha
Crina de véu e pavio
Ele bufando fagulha.
E eu contraído de frio
Mandado pelo barroso
Éramos eu e um cavalo
Indo de encontro ao vazio.
Mandado pelo barroso
Éramos eu e um cavalo
Indo de encontro ao vazio.
Éramos nós e os cavalos
Feitos do mesmo feitio
Vindo de todos os lados
E sobre eles sangrentos
Seus cavaleiros sombrios.
Feitos do mesmo feitio
Vindo de todos os lados
E sobre eles sangrentos
Seus cavaleiros sombrios.
Éramos nós e os cavalos
A nos causar calafrios
Todos os outros já mortos
Por essa causa contrária
Que se chamou poderio.
A nos causar calafrios
Todos os outros já mortos
Por essa causa contrária
Que se chamou poderio.
E
eu com uma bala no peito
Meu alazão nos baixios
Caímos da cordilheira
Deixando a causa nas lendas
Pra quem quiser desafio.
Meu alazão nos baixios
Caímos da cordilheira
Deixando a causa nas lendas
Pra quem quiser desafio.
Composição:
Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro
* No CD Casa de Morar, de Renato Braz
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