Xinguê, xisgaste!
Vigna afatigada i triste
I tirste i afatigada io vigna;
Tu tigna a arma povolada di sogno
I a arma povolada di sogno io tigna.
I tirste i afatigada io vigna;
Tu tigna a arma povolada di sogno
I a arma povolada di sogno io tigna.
Ti amê, m'amasti! Bunitigno io éra
I tu tambê era bunitigna;
Tu tigna uma garigna de féra
E io di féra tigna uma garigna.
I tu tambê era bunitigna;
Tu tigna uma garigna de féra
E io di féra tigna uma garigna.
Una veiz ti begiê a linda mó,
I a migna tambê vucê begió.
Vucê mi apiso nu pé, e io non pisé no da signora.
I a migna tambê vucê begió.
Vucê mi apiso nu pé, e io non pisé no da signora.
Moltos abbracio mi deu vucê,
Moltos abbracio io tambê ti dê.
U fóra vucê mi deu, e io tambê ti dê u fóra.
Moltos abbracio io tambê ti dê.
U fóra vucê mi deu, e io tambê ti dê u fóra.
O soneto
acima é Juó Bananére (Alexandre Marcondes Machado), paulista que se tornou
popularíssimo no Brasil pela irreverência de suas paródias a sonetos de Camões
e de Olavo Bilac, a poesias de Casimiro de Abreu e de Guerra Junqueiro, como
pelas sátiras políticas contra o marechal Hermes da Fonseca e outros figurões
da velha República. Parodiou também La Fontaine e Machado de Assis, escrevendo
em dialeto macarrônico, numa imitação dos habitantes de origem italiana do
Abaixo-Piques, bairro de São Paulo. Deixou um livro, apenas, "La divina
Increnca", cujo êxito foi sensacional, e que é nos dias de hoje uma
raridade bibliográfica. Otto Maria Carpeaux, em interessante estudo, considerou
Juó Bananére um pré-modernista, principalmente pelo fato de ter começado a
tratar de forma irreverente as produções do romantismo e do parnasianismo, até
então levadas muito a sério.
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