Na vida, quem não
acontece, anoitece. Eu não fui lido do outro lado por isso deitarei o sol aqui
mesmo desse. Azar da sombra de alguém que me lesse. Deitarei o sol do
mesmo lado que ele acorda. Se isso faz de mim um deus, ou um demônio, não sei,
não importa. Sei que sou um homem incompleto, mas que transborda.
A vida engana.
Às vezes a mão engasga e a boca esgana. A morte é sorte, o azar é zamba. A
voragem de Deus te cega, e a coragem do diabo nega o Sol que lhe tampa. O ócio
emprega. O negócio grampa. A perda une, a vitória pune. E na vitrola a canção é
fúnebre e o silêncio é o que zune ensurdecendo homens impunes. A vida implume.
A morsa é mansa, mas n’água avança contra a bonança. A vida cansa. Às vezes
porque a dança já não é dança. Porque a moça almoça o prato dos dias frios. E o
poema empoça. Já não é rio. Nem de Janeiro a março, abril. A prostituta é quem
mais luta contra a mãe puta que lhe pariu. E na labuta, alguém comanda. E no
descanso, a propaganda. Que vida bosta por estas bandas. E a perna grossa da
moça roça uma na outra enquanto ela anda. E nada muda. A vida passa. O tempo
gruda. Não quero o agora, quero a agonia da teoria e não da prática das
desgraças plásticas do dia a dia. A vida corre. E morre. Enquanto a morte leva
somente a aporia. Que fique a praça, que fique a gente. Naquela greve. Que
fique a gente. Naquela neve. E o never change, e o never coming. My E.E.
Cummings, quis ser poeta, mas sou poente.
Bruno Villela
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirObrigado pela postagem Elilson. Adorei o blog. Onde encontrou meu poema? Grande abraço. Bruno.
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