“Na verdade, se nos
fosse dado penetrar com os olhos da carne na consciência dos outros,
julgaríamos com mais segurança um homem pelo que devaneia do que pelo que
pensa. O pensamento é dominado pela vontade, o devaneio não. O devaneio, que é absolutamente
espontâneo, toma e conserva, mesmo no gigantesco e no ideal, a figura do nosso
espírito. Não há coisa que mais direta e profundamente saia da nossa alma do que
as nossas aspirações irrefletidas e desmesuradas para os esplendores do
destino. Nestas aspirações é que se pode descobrir o verdadeiro caráter de cada
homem, melhor do que nas ideias compostas, coordenadas e
discutidas. As nossas quimeras são o que melhor nos parece.
Cada qual devaneia o incógnito e o impossível, conforme a sua natureza”.
Victor
Hugo, in Os Miseráveis
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