quarta-feira, 27 de junho de 2012

Urgente e confidencial

Disparando por de trás
dos óculos escuros
dois tiros súbitos:
ela mata com os olhos.
O olhar não erra o alvo
não abarca o mar
mas apenas as pedras
onde ele bate e quebra.
Não usa as mãos
nem a alma do corpo
que ficou em outro lugar —
marmórea.
Só um pouco da voz, sem volta
em palavras finais
poupando lágrimas no espelho
Monalisa e incólume. 
Armando Freitas Filho, in Máquina de escrever: poesia reunida

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