Sinopse do livro:
Josef Breuer, um dos pais da psicanálise, está
prestes a se deparar com um grande desafio: tratar do filósofo Friedrich
Nietzsche, atormentado por uma crise existencial e por uma depressão suicida.
Mentor de Freud, Breuer, entretanto vive também um momento de angústia,
obcecado pelas fantasias sexuais com Anna O., jovem de quem tratou com seu novo
método terapêutico. o encontro destes dois homens extraordinários resulta numa
profunda amizade, criada pela imaginação poderosa de Irvin D. Yalom, conhecido
psiquiatra e escritor renomado. Tomando como pano de fundo a Viena do final do
século XIX, ele constrói um romance apaixonante, em que realidade e ficção se
misturam, assim como literatura, filosofia e psicanálise.
"-
Josef, tente clarear a mente. Imagine esta experiência imaginária! E se algum
demônio dissesse para você que esta vida, conforme a vive agora e a viveu no
passado, terá que ser vivida novamente e inúmeras outras vezes; ela não terá
nada de novo, mas cada dor e cada alegria e tudo de inefavelmente pequeno ou
grande em sua vida retornará para você, tudo na mesma sucessão e sequência:
mesmo este vento e aquelas árvores e esse xale esquivo, mesmo o túmulo e o
medo, mesmo este momento tranquilo e você e eu, de braços dados, murmurando
estas palavras? Imagine a eterna ampulheta da existência virada de cabeça para
baixo novamente e novamente e novamente. A cada vez, também virados de cabeça
para baixo estaremos eu e você, meras partículas que somos. É mais que uma
fantasia, mais realmente que uma experiência imaginária. Escute apenas minhas
palavras! Bloqueie todo o resto! Pense no infinito. Olhe antes de você; imagine
que está olhando infinitamente para dentro do passado. O tempo se estende para
trás por toda a eternidade. Ora, se o tempo se estende infinitamente para trás,
tudo que pode acontecer já não deve ter acontecido? Tudo que se passa agora não
deve ter acontecido desta forma antes? Tudo que anda aqui já não deve ter
percorrido este caminho antes? E se tudo aconteceu antes na infinidade do
tempo, o que você pensa, Josef, deste momento, de nossas confidências sob esta
abóbada de árvores. Também isso já não deve ter ocorrido? E o tempo que se
estende infinitamente para trás também não deverá se estender infinitamente
para a frente? Nós neste momento, em cada momento, não deveremos retornar
eternamente?
(...)
Breuer
finalmente encontrou uma pergunta:
-
Então, pelo que entendi, o eterno retorno promete uma forma de imortalidade?
- Não! - Nietzsche foi veemente. - Ensino
que a vida jamais deveria ser modificada ou esmagada devido à promessa de outro
tipo de vida futura. O imortal é esta vida, este momento. Não existe uma vida
após a morte, uma meta para qual esta vida aponta, um tribunal ou um julgamento
apocalíptico. Este momento existe para sempre e você sozinho é a plateia
sua."
Trecho de Quando Nietzsche chorou, de Irvin
D. Yalom
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