sexta-feira, 27 de abril de 2012

A morrença dos meus cumpade


Mas como é que pode, dois caba tá vivo
Forgoso, gaboso, da vida se rir
Os coro da testa sem nunca franzir
Disposto na luta, lutando contente
Sem mesmo tá canso de ser um vivente,
Um corre pro sul mode podregir
O outro pogrede mesmo por aqui
A morte carrega os dois indivíduo
Dá uma descurpa: morreu por ter ido
O outro, coitado, morreu de não ir.

Cumpade Coitim bateu a biela
Sem frei nas estrada, em riba dum fó
Pedim defuntou-se no mei dum forró
Honório pifou com a mão na bainha
Quem enviuvou Gorete e Ritinha
Foi João Cascavé e Bento Cotó
Bié de Zé Tôta fechou o paletó
Mudou-se pro céu cumpade Biliu
Cumpade Zé Danta ninguém nunca viu
Mas dizem que foi-se daqui pra mió.

Quem bateu as bota foi Zé Bacamarte,
Findou-se de vez cumpade Zulu,
Quem empacotou-se com tanta pitu
Foi Pinga, Meloso, Meota e Topada
Ginura já tava na última morada
Quando pediu baixa o vaqueiro Zebu
Foi pro beleléu nas bandas do sul
Veúca, Moreno, Ponez e Zezim
Mimosa se foi que nem passarim
Baixou sete palmos, Luiz do Exu.

Deu uma roleta lá no mei da feira
Juntou-se um bocado com seu criador
Deu adeus ao mundo Mané Vendedor
Foi chegada a hora de Biu das Jumenta
Foi pro rol dos bom, cumpade Pimenta
Biu Pêdo Firmino por fim descansou
Disseram que Nino também botoou
Sargento já foi promovido a defunto
Tiraram Cirila de lá de pé junto.

Perdi meus cumpade
Não sei quando eu vou.

Jessier Quirino, in Besta Fubana

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