“Segundo os filósofos, aquilo em
que um homem acredita, acaba sendo a sua realidade. Durante anos eu disse que
não era mecânico e não era mecânico. Ao dizer que não sabia sequer distinguir
uma ferramenta de outra, fechava-se as portas de um mundo de luz. Tinha de
haver alguém para consertar os meus aviões para que eu pudesse voar.
Ai, comprei um louco e velho
biplano, com um motor circular e demodê no focinho, e não demorei a descobrir
que aquele motor, não ia tolerar um piloto que não soubesse nada sobre a
personalidade de um Wright de 175 cavalos, ou algo sobre reparos em estruturas
de madeira e tela encerada.
Foi assim que aconteceu a coisa
mais estranha de toda a minha vida... mudei de maneira de pensar. Aprendi a
mecânica dos aviões.
O que todo o mundo sabia há
muito tempo, para mim foi como uma aventura. Por exemplo, um motor aberto e
espalhado sobre uma bancada, é apenas uma coleção de peças de formas
diferentes, apenas ferro frio. Não obstante, essas mesmas peças, reunidas e
montadas numa fria fuselagem, transformam-se num novo ser, numa escultura
acabada numa forma de arte digna de qualquer galeria. E, como nenhuma outra
escultura na história da arte, o motor e a fuselagem criam vida da mão do
piloto e unem a sua vida à dele. Separados, o ferro, a madeira, o pano e os
homens estão presos ao solo. Juntos, podem se erguer no céu, explorar lugares
onde nenhum de nós já esteve. Foi, para mim, uma surpresa aprender isso, pois
sempre julgara que mecânica se resumia a metal partido e pragas em voz baixa”.
Richard Bach
Nenhum comentário:
Postar um comentário