“A vida
é primariamente encontrar-se, cada qual, submergido entre as coisas, e enquanto
é apenas isso consiste em sentir-se absolutamente perdido. A vida é perdição.
Mas por isso mesmo obriga, quer queiramos quer não, a um esforço para se
orientar no caos, para se salvar dessa perdição. Este esforço é o conhecimento
que extrai do caos um esquema de ordem, um cosmos. Este esquema do universo é o
sistema das nossas ideias ou convicções vigentes. Quer queiramos quer não,
vivemos com convicções e de convicções. O mais teoricamente cético existe
apoiando-se num suporte de crenças sobre o que as coisas são. A vida é absoluta
convicção. A dúvida intelectual mais extrema é vitalmente uma absoluta
convicção de que tudo é duvidoso. E algo ou tudo ser duvidoso não é uma crença
num ser menor do que qualquer outra de aspecto mais positivo”.
Ortega
y Gasset, in O Que é a Vida?
Nenhum comentário:
Postar um comentário