Andei
no meio desses loucos, fiz um manto dos retalhos que me deram, alguns livros
debaixo do braço e se via alguém mais louco que os outros, mais aflito, abria
um dos livros ao acaso, deixava o vento virar as folhas e aguardava. O vento
parou: eis o recado para o outro: sê fiel a ti mesmo e um dia serás livre.
Prendem-me. Uma série de perguntas: qual é o teu nome? Qadós. Qa o quê? Qadós
de quê? Isso já é bem difícil. Digo: sempre fui só Qadós. Profissão: Não tenho
não senhor. Só procuro e penso. Procura e pensa o quê? Procuro uma maneira
sábia de me pensar. Fora com ele, é louco, não é da nossa alçada, que se afaste
da cidade, que não importune os cidadãos.
Hilda Hilst, In Ficções
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