“A nossa espécie é a única espécie
criativa, e tem apenas um único instrumento criativo, a mente e espírito únicos
de cada homem. Nunca nada foi criado por dois homens. Não existem boas
colaborações, quer em arte, na música, na poesia, na matemática, na filosofia.
De cada vez que o milagre da criação acontece, um grupo de pessoas pode
construir com base nela e aumentá-la, mas o grupo em si nunca inventa nada. A
preciosidade reside na mente solitária de cada homem.
E agora existem forças que enaltecem
o conceito de grupo e que declararam uma guerra de exterminação a essa
preciosidade, a mente do homem. Através das mais variadas formas de pressão,
repressão, culto, e outros métodos violentos de condicionamento, a mente livre
tem sido perseguida, roubada, drogada, exterminada. E este é um rumo de
suicídio coletivo que a nossa espécie parece ter tomado.
E é nisto que eu acredito: que a
mente livre e criativa do homem individual é a coisa mais valiosa no mundo. E é
por isto que eu estou disposto a lutar: pela liberdade da mente tomar qualquer
direção que queira, sem direção. E é contra isto que eu vou lutar com todas as
minhas forças: qualquer religião, qualquer governo que limite ou destrua o
indivíduo. É isto que eu sou e é esta a minha causa. Posso até compreender que
um sistema baseado num padrão tenha que destruir a mente livre, pois esta é a
única coisa que pode inspecionar e destruir um sistema deste tipo. Com certeza
que compreendo, mas lutarei contra isso por forma a preservar a única coisa que
nos separa das restantes espécies. Pois se a mente livre for morta, estaremos
perdidos”.
John
Steinbeck, in A
Leste do Paraíso
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