O internauta/leitor Eduardo Jacob, de São Paulo me manda imeio com o seguinte teor perguntativo:
“Falcão, o que você, do alto dessa sua extrema sabedoria, acha da lei mexicana que proíbe as pessoas de andarem nuas dentro de suas próprias casas? Será que essa lei pegaria no Brasil?”
E eu, sem mais nem menos, respondo:
Caro Eduardo, de um modo assim um tanto ou quanto curto e sem nenhuma delonga iniciativa, devo lhe dizer que o legislador mexicano, que introduziu tal lei no cotidiano daquele povo irmão, tem e não tem razão; e daqui a pouco, eu, pessoalmente, lhe explicitarei os porquês, os poréns e os todavias dessa minha afirmativa, quando na ocasião porei todos os pingos nos is e, igualmente, puxarei as pernas dos respectivos ipsilones.
Antes, porém, vamos à dita cuja lei, que alvoroçou meio mundo na terra do Chaves. Seguinte: O caso se passa justamente em Villahermosa, 600 km a sudeste da Cidade do México, e a resolução diz que os moradores daquela comunidade que andarem nus dentro de casa, espionarem seus vizinhos ou participarem de festas particulares sem ser convidados poderão sofrer punições como multas e/ou prisão.
Tais punições foram aprovadas pelos vereadores (Só podia ser!) do lugar, o que não deixa de ser – na ótica desse locutor que vos fala -, uma demonstração mais do que convincente da falta do que fazer por parte dessa gente legisladora; coisa corriqueira lá, como aqui e em alhures.
Essa lei, antinudista interna edilesca, carrega no seu bojo um lado ruim e um outro lado bom, explico: Ruim porque tolhe o cidadão no seu direito de ir e vir, vestido ou pelado, dentro do sagrado recesso do seu lar, procedimento do qual ninguém tem nada a ver; e bom porque quem está de fora, cidadão também, não é obrigado a ficar vendo toda espécie de tribufu exibir metros e mais metros de pelanca, buchos e protuberâncias.
E aí, é onde reside o principal porém desta prosopopéia normativa, quem mora perto de gente que costuma praticar o nudismo intramuros, mas que deixa janelas e persianas escancaradas, fica dependendo do calibre belezurístico e da performance teatroexibitiva do outro. E como a lei de Murfy – aquela que diz que tudo de ruim que estiver para acontecer, acontecerá – não falha nessas horas…
Agora, para quem costuma abolir qualquer vestimenta dentro de casa, digo que é preciso, também, a criatura ter bastante cuidado, pois a coisa pode ser um tanto ou quanto arriscosa. O que aconteceu comigo é exemplar: Morando só, como ainda moro, andava, dentro de casa, que nem Adão no paraíso. Mesmo porque o médico havia me recomendado tal prática para, segundo ele, deixar que as coisas se desenvolvessem à la vonté e proporcionasse a perfeita circulação sanguínea, principalmente na área genésica.
No entanto, apesar dos preceitos médicos e da minha total obediência, comecei a sentir dores nas faces internas de ambos os joelhos, coisa que pensei ser alguma marmota circulatória, justamente.
Qual não foi minha surpresa quando, depois de diversos e modernos exames, onde não ficou constatado, absolutamente, nada que denotasse alguma doença, e com a análise abalizada de uma corriola de médicos especialistas amigos seus, o doutor matou a charada. O caso era o seguinte: Devido ao meu avantajado porte físico (1,93m), e como eu sou todo proporcional a esse comprimento, a cabeça do quinto membro é que, por causa do seu balançar, ao bater constantemente nos meniscos dos supracitados joelhos, estava causando aquele dolorimento na região.
Quanto ao brasileiro, não sei como reagiria a uma lei dessas. Acho melhor a gente não mexer muito no assunto, pois o país está cheio de vereador querendo mostrar serviço.
P.S.: Aberto está o precedente e quem quiser, a partir de agora, tirar alguma dúvida, receber um conselho, dispor de um assessoramento técnico, científico, físico, orgânico, sensual, sexual, etc e tal, principalmente, é só mandar-me uma missiva e eu responderei aqui mesmo neste espaço, conforme seja cada caso.
* Em matéria de tal e coisa, tudo mais é assim mesmo.
Falcão, na Coluna do falcão, in Besta Fubana
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