Afeito a compras em feiras livres, armazéns e lojas populares, resolvi fazer uma visita a um templo do consumo.
Na entrada do shopping, uma voz de mulher com um timbre grave ordenava: “Retire seu ticketssssi e boas compras!” Depois de olhar vitrines e controlar meu ímpeto consumista, tomei assento na praça de alimentação. Em meio ao cheiro azedo de fast-food, em que crianças e adultos se empanturravam com pizzas e sanduíches de metro, pedi um Chopp.
Foi aí que uma cena chamou minha atenção: dois jovens ocupavam duas mesas de olhos postos em seus computadores, prostrados diante do mundo virtual. Por alguns minutos fiquei a observar aquela cena incomum, num ambiente que supostamente facilita a socialização, o consumo e o lazer. Aí você deve está se perguntando: e daí? Qual é o problema de um jovem usar um computador num ambiente wi-fi? Nós estamos na era da tecnologia e do conhecimento, a internet e uma importante ferramenta para o acesso rápido às pesquisas, às informações, e nos coloca diante das transformações do mundo instantaneamente.
É verdade. Você tem razão. O que não se pode negar, é que a internet está levando as crianças e os jovens ao isolamento em suas próprias casas e, pelo jeito. em ambientes públicos também. E isso me fez pensar: “Quanta saudade eu tenho da minha infância, sem a internet e seus “encantos”! Nas minhas brincadeiras, boneco de sabugo era gigante; carrinho de lata e cavalo de pau eram meios de transporte; e nos finais de tarde, tinha “Vila Sésamo” em branco e preto na televisão.
Da minha adolescência, guardo lembranças boas e inesquecíveis: o meu relógio Orient à prova d’água, a minha bicicleta verde, e as lições de tabuada com a professora Iêda (que não era apelidada de “tia”). Nos arroubos da minha juventude, tinha radiola de tampa com discos de vinil recheados de Cartola, e palavras de Drummond guardadas na estante. Nas tertúlias e matinês, eu namorava “Amélias”, “Madalenas” e “Marias”, nomes próprios das minhas paixões.
Ah, Antes que eu esqueça: o telefone de disco, a televisão Philco transistorizada e a máquina de escrever eram tecnologias de um tempo, onde a fala era uma dádiva, e a arte do diálogo tornava as relações humanas muito mais interessantes.
Fabiano Régis, Radialista e Bancário mossoroense.
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