Uma carta assinada por John Lennon cheia de ofensas a Paul McCartney e sua então mulher, Linda, vai a leilão nos Estados Unidos em maio, e a expectativa é de que alcance o equivalente a R$ 100 mil.
O documento, datado de 1971, é uma resposta de Lennon a uma carta dirigida a ele e assinada por Linda, e trata dos bastidores da separação dos Beatles e do tratamento dado pelos integrantes da banda e pelo casal McCartney a Yoko Ono.
No texto, o ex-beatle afirma: ''Estava me perguntando que fã dos Beatles irritadiça e de meia idade a tinha escrito. Resisti em olhar a última página para descobrir. (...) Que diabos, foi Linda!''.
Lennon afirma ainda: ''Eu espero que você perceba as merdas que vocês e os 'meus amigos gentis e altruístas' lançaram sobre mim e sobre Yoko desde que nós estamos juntos. Por vezes pode ter sido um pouco mais sutil ou será que eu deveria dizer mais 'classe média', mas não com frequência. Nós dois superamos isso algumas vezes e perdoamos vocês dois. Portanto, é o mínimo que vocês podem fazer por nós, pessoas tão nobres''.
O Beatle comenta ainda as restrições que teve ao título entregue pela rainha Elizabeth II aos Beatles, que ele acabou devolvendo em 1969, em protesto contra a política externa britânica.
''Quando indagado sobre o que eu achava a respeito do MBE (Member of the Order of the British Empire, Membro da Ordem do Império Britânico, como o título é chamado), eu lhes disse da melhor maneira que eu pude, pelo que eu me recordo. E eu me recordo de sentir um certo constrangimento''.
''Não tenho vergonha dos Beatles (eu comecei isso tudo), mas sim de algumas das merdas que a gente teve que aguentar para torná-los tão grandes. Pensei que todos nos sentíssemos da mesma maneira com pequenas variações - obviamente estava errado".
MUDAMOS O MUNDO
Lennon comenta ainda o papel dos Beatles no cenário artístico mundial e ironiza uma suposta presunção do antigo parceiro em relação à visão dele sobre a dimensão da banda.
''Você realmente acha que a maior parte da arte atual surgiu por causa dos Beatles? Não acredito que você seja tão maluco, Paul. Você acredita nisso? Quando parar de acreditar, talvez você acorde! Nós não dizíamos sempre que éramos parte do movimento e não o movimento todo? Claro, nós mudamos o mundo. Mas tente seguir em frente. SALTE DO DISCO DE OURO E VOE!''
Ele conclui comentando a sua saída da banda e a decisão de não ter declarado publicamente que estava deixando o grupo.
''Por fim, sobre não ter dito para ninguém que eu havia deixado os Beatles - Paul e (o empresário Allen) Klein passaram o dia me dizendo que era melhor eu não dizer nada a ninguém - Pedindo que eu não dissesse nada porque iria 'ferir os Beatles' (...). Portanto, ponha isso na sua pequena mente pervertida, Sra. McCartney, os babacas me pediram para ficar calado.
Ao se despedir, ele ainda faz mais um ataque à mulher de McCartney, lembrando da cisão que se criou na banda sobre quem seria o nome certo para empresariar o grupo. Lennon, Ringo Starr e George Harrison optaram pelo americano Allen Klein, ao passo que Paul acabou sendo preterido ao defender que seu sogro administrasse os negócios dos Beatles.
''Claro, o aspecto financeiro é importante - para todos nós - especialmente após todas as merdinhas que surgiram com a sua insana família/sogros e DEUS TE AJUDE A ESCAPAR, PAUL - vejo você em dois anos - espero que você tenha escapado até lá''.
Ele assina a carta com os dizeres ''apesar de tudo, amor a vocês dois, de nós dois''.
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