Mãe, se eu morrer
De um repentino mal
Vende meus bens
À bem dos meus credores
A fantasia de festivas cores que usei
No derradeiro carnaval.
Vende esse rádio
Que ganhei de prêmio
Por um concurso
Num jornal do povo
E aquele terno novo
Ou quase novo
Com poucas manchas
De café boêmio.
Vende também meus óculos antigos
Que me davam ares inocentes
Não precisarei de suas lentes
Pra enxergar os corações amigos.
Sem ruído é mais provável
Que eu alcance o céu
Vou penetrar e então provar seu mel
No paraíso só preciso de um olhar
Sem teu sorriso, outro sorriso pra me enganar.
Mas poupa minha amiga de horas mortas
Com teclas bambas, minha máquina de peças tortas.
Vende todas as grandes pequenezas
Que eram o meu íntimo tesouro
Mas não! ainda que ofereçam ouro
Mas não! ainda que ofereçam ouro
Não vendas o meu filtro de tristezas.
sexta-feira, 8 de abril de 2011
A Máquina de Escrever (Frejat/Goffi/Ghiaron)
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