Pergunto-me
por que o uivar de lobos, os trovões, os raios constituem o pano de
fundo para as cenas de horror. Pois, quando o medo é muito, faz-se
um silêncio na alma. E nada mais existe.
Mais
forte seria a nossa impressão se os gestos culminantes de Drácula
ou Frankenstein se passassem em silêncio.
Como
em igual silêncio decorrem nesta vida os momentos de êxtase, seja a
visão de um santo em seu retiro ou o último olhar de Joana d’Arc
ao subir para a imolação.
Os
grandes momentos dispensam rabos de pandorga, tão do agrado de Cecil
B. de Mille, que fez da História uma espécie de filme carnavalesco.
Não é que, no seu caso, a história não fosse bem contada: foi bem
contada demais.
Mário
Quintana, in A vaca e o hipogrifo
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