quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Retrato do artista quando coisa

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0pdvC-h0SGX75AA5p-py0ahG7dxA22CeBNBowgC0fk5h2Eyvzy7ryW8VB36ZRlDtw7d4zcyScfhEaSBHHmSa67upy7ybHgJutf9Zxq2UDnLyPZJnQyuoNrAsDQB-zATa7_WlbplDzcsQ/s1600/Manoel_de_Barros__Rosto01.jpg 

Retrato do artista quando coisa: borboletas
Já trocam as árvores por mim.
Insetos me desempenham.
Já posso amar as moscas como a mim mesmo.
Os silêncios me praticam.
De tarde um dom de latas velhas se atraca em meu olho
Mas eu tenho predomínio por lírios.
Plantas desejam a minha boca para crescer por de cima.
Sou livre para o desfrute das aves.
Dou meiguice aos urubus.
Sapos desejam ser-me.
Quero cristianizar as águas.
Já enxergo o cheiro do sol.
Manoel de Barros

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