“Papai
era um homem que, talvez devido à sua história de privações,
jamais hesitava em executar os verbos botar
e
tomar.
Ele estava sempre botando pra quebrar, a mão na massa, o pé na
estrada, lenha na fogueira, alguém em seu devido lugar, ordem no
galinheiro, os pingos nos is, alguém pra correr. Também estava
sempre tomando a dianteira, tendência, o boi pelo chifre, de volta o
que era seu, as dores de alguém. E quando se tratava de observar as
coisas, o Papai era uma espécie de Microscópio Composto, daqueles
que viam a vida por meio de uma lente ocular ajustável, esperando
que todas as coisas estivessem bem focadas. Não tinha nenhuma
tolerância com o Embaraçado, o Fosco, o Nebuloso e o Sujo.”
Marisha
Pessl,
in Tópicos
especiais em física das calamidades
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