[...]
Mas,
por aí, o frei Florduardo já se chegava, bastou só levantar a mão,
para atenção: e o Nominedômine se ajoelhou de vez, aos pés dele,
prostrou a cara. — “Pode ir, meu filho. Deus te abençoe…” —
o frade falou. E o Nominedômine se levantou e foi puxando, vagaroso,
pela beira da igreja, de olhos postos, rezando cantado em latim o
Credo e o Padre-Nosso, com voz tão enfadonha. À porta, se voltou e
declarou assim inesperado: — “Olha o responsório! Olha o
falimento do fim, cambada!” Daí, se foi. Dava dó. Quem sabe ele
não estava pressentindo um fiapo dos tempos? Pedro Orósio ainda
veio cá fora, perseguí-lo com a vista. Embora, ô cujo para comer
estrada: rumou, rumou, era aquela terrível velocidade, dum lado e
doutro não queria saber de nada. Tirou dali, desceu, cortou a
várzea, subiu como quem ia para a Lagôa, pelo Bento-Velho. Já
estava alongado demais. Por fim, foi para o morro, adversamente,
abriu um furozinho preto no horizonte, por ele se passou, e se sumiu
do mundo.
Guimarães Rosa, em O recado do Morro
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