Ebony
and Ivory
Compositor:
Paul McCartney
Artista:
Paul McCartney, com vocais adicionais de Stevie Wonder
Gravação:
AIR Montserrat
Lançamento:
Single, 1982 / Tug of War, 1982
Ebony
and Ivory
Live
together in perfect harmony
Side
by side on my piano keyboard
Oh
lord, why don’t we?
We
all know
That
people are the same wherever you go
There
is good and bad in everyone
When
we learn to live
We
learn to give each other
What
we need to survive
Together
alive
Ebony
and Ivory
Live
together in perfect harmony
Side
by side on my piano keyboard
Oh
lord, why don’t we?
Ebony,
Ivory
Living
in perfect harmony
Ebony,
Ivory
We
all know
That
people are the same wherever you go
There
is good and bad in everyone
We
learn to live
When
we learn to give each other
What
we need to survive
Together
alive
Ebony
and Ivory
Live
together in perfect harmony
Side
by side on my piano keyboard
Oh
lord, why don’t we?
Side
by side on my piano keyboard
Oh
lord, why don’t we?
Ebony,
Ivory
Living
in perfect harmony
Ebony,
Ivory
Living
in perfect harmony
As
teclas brancas e pretas convivem no piano, mas nem sempre negros e
brancos viveram em harmonia. Quem fez essa observação foi Spike
Milligan, certa vez.
Spike
Milligan foi um comediante britânico-irlandês que escreveu e
estrelou The Goon Show, radiosseriado da BBC nos anos 1950.
Quando éramos adolescentes, ouvíamos o programa, que acabou se
tornando uma grande influência para os Beatles, e foi também onde
Peter Sellers teve sua grande chance. Teve um tempo em que George
Martin trabalhou com eles também. Então, Spike morava bem perto de
nossa casa em Sussex, e nós dois apreciávamos dar boas risadas, por
sermos de origem irlandesa. Acho que existe essa tradição de
irlandeses engraçados que se estende até Liverpool. Ele fazia
reuniões e nos pedia para levar algo, e não precisava ser uma
garrafa de bebida; poderia muito bem ser um poema. Então levei um
poema para ele. Ele morava numa casa com uma placa que dizia:
“Projetada pelo arquiteto cego”, e a estrada onde ficava a casa
se chamava – não estou brincando – Dumb Woman’s Lane (Estrada
da Mulher Muda). Acho que se referia a uma senhora que não conseguia
falar. Escrevi um poema sobre Dumb Woman’s Lane, levei para ele e o
li antes do jantar.
O
poema começava assim:
The
voice of the poet
Of
Dumbwoman’s Lane
Can
be heard across
Valleys
of sugar-burned cane
And
nostrils that sleep
Through
the wildest of nights
Will
be twitching to gain
Aromatic
insights
A
voz do poeta da Estrada
Da
Mulher Muda é ouvida
Nos
vales de açúcar
De
cana queimada
E
as narinas que dormem
Em
noites selváticas
Retorcem-se
e obtêm
Percepções
aromáticas
“Ebony
and Ivory” foi escrita em resposta ao problema da tensão racial,
causa de muitos atritos no Reino Unido naquela época. Eu a compus e
gravei uma demo em meu estudiozinho lá na Escócia, em 1980; então
liguei para o Stevie Wonder e perguntei se ele queria fazer uma
parceria. Stevie e eu nos conhecíamos havia um tempão. Fomos
apresentados em 1966, após um show que ele fez no clube Scotch of
St. James, em Mayfair, Londres. Ele só tinha quinze anos na época.
Seja lá como for, estávamos pensando em compor algo juntos, e eu
falei: “Olha só, eu tenho esta canção que eu gostaria
especialmente de fazer”. Então fomos gravar o álbum em
Montserrat. Lá que ficava o estúdio de George Martin, e Stevie
combinou de ir, mas não compareceu. Como em geral acontece com
Stevie, muitos telefonemas depois, conseguimos contato com ele.
“Estamos aqui. Quando você vai aparecer?” Era sempre “nesta
sexta-feira”.
Mas
passava o fim de semana, e na segunda-feira eu ligava para ele. “Vou
estar aí na quarta-feira.” “Legal, então.” Teve muito disso.
Ele faz seu cronograma. Vai aparecer quando estiver pronto. Mas foi
sensacional quando ele chegou. Foi mesmo fascinante, porque ele é um
monstro musical; ele é música pura. Você tinha que ser impecável,
pois ele escutava qualquer deslize. Perguntou se íamos usar bateria
eletrônica e eu disse que não, então ele pegou a bateria e mostrou
que era um grande baterista, com um estilo bem característico, e é
ele tocando no disco. A canção toda é só eu e Stevie.
Quando
fomos gravar o vídeo, foi a mesma coisa. Tudo agendado. Equipe,
estúdio, técnicos, cinegrafistas, etc. Stevie deveria aparecer na
segunda-feira de manhã, por exemplo, mas ele não aparecia. Chegar
até ele era um desafio. Funcionava mais ou menos assim: “Agora o
sr. Wonder está gravando no estúdio. Vai me desculpar, mas quem
está falando?”. “É o Paul McCartney. A gente se conhece; já
trabalhamos juntos.” “Certo. É que ele está trabalhando e não
pode ser incomodado.” Então isso se prolongou até ficarmos cerca
de uma semana atrasados para fazer o vídeo, mas enfim ele apareceu.
De modo que, sim, foi ótimo trabalhar com ele, mas sempre tinha essa
questão dos atrasos, de não estar lá na hora marcada. Coisa com a
qual eu não estava acostumado, diga-se de passagem.
Nunca
pensei que “Ebony and Ivory” fosse resolver os problemas do
mundo, mas acho que o coração da música estava no lugar certo. O
pessoal zombou da canção, é claro. Uns acharam muito sentimental
ou simplista, talvez. Eddie Murphy fez um esquete dela no Saturday
Night Live. É o tipo de coisa fácil de parodiar.
Toquei
esta canção uma ou duas vezes ao vivo. Uma delas foi na Casa
Branca, junto com Stevie, quando recebi o Prêmio Gershwin, pouco
depois que Barack Obama se tornou presidente. Que honra! Muita gente
incrível compareceu. Elvis Costello cantou “Penny Lane”, Stevie
cantou “We Can Work It Out” e – foi uma das primeiras vezes que
a tocamos ao vivo juntos – ele e eu tocamos “Ebony and Ivory”.
Paul McCartney, em As Letras – 1956 até o presente

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