11.
Esta
é a minha compaixão por tudo que é passado: que eu o veja
abandonado —
— abandonado
à mercê, ao espírito, à loucura de toda geração, que vem e
reinterpreta tudo o que foi como uma ponte para si!
Um
grande tirano poderia vir, um astucioso monstro que, com sua
clemência ou inclemência, compelisse e espremesse tudo que é
passado: até que este se tornasse uma ponte para ele, e prenúncio,
arauto e canto de galo.
Mas
este é o outro perigo, e minha outra compaixão: — a memória de
quem é da plebe remonta até o avô — com o avô, porém, o tempo
acaba.
Assim
tudo passado é abandonado: pois poderia suceder que um dia a plebe
se tornasse senhora e afogasse todo o tempo em águas rasas.
Por
isso, ó meus irmãos, é necessário ter uma nova nobreza,
que seja inimiga de toda plebe e toda tirania e novamente escreva a
palavra “nobre” em novas tábuas.
Pois
são necessários muitos e diferentes nobres para que haja
nobreza! Ou, como um dia falei, em alegoria: “Justamente
isso é divino, que haja deuses, mas nenhum Deus!”.
Friedrich Nietzsche, em Assim falou Zaratustra
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