Venho
de um Cuiabá garimpo e de ruelas entortadas.
Meu
pai teve uma venda de bananas no Beco da Marinha, onde nasci.
Me
criei no Pantanal de Corumbá, entre bichos do chão, pessoas
humildes, aves, árvores e rios.
Aprecio
viver em lugares decadentes por gosto de estar entre pedras e
lagartos.
Fazer
o desprezível ser prezado é coisa que me apraz.
Já
publiquei 10 livros de poesia; ao publicá-los me sinto como que
desonrado e fujo para o Pantanal onde sou abençoado a garças.
Me
procurei a vida inteira e não me achei — pelo que fui salvo.
Descobri
que todos os caminhos levam à ignorância.
Não
fui para a sarjeta porque herdei uma fazenda de gado.
Os
bois me recriam.
Agora
eu sou tão ocaso! Estou na categoria de sofrer do moral, porque só
faço coisas inúteis.
No
meu morrer tem uma dor de árvore.
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