quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Visão da nossa infância

“A visão das imediações da nossa infância comove-nos: a casa de campo, a igreja com as sepulturas, a lagoa e o bosque... é sempre com padecimento que voltamos a ver isso. Apodera-se de nós a compaixão para com nós próprios, pois por que sofrimentos não passamos, desde então! E ali continua a estar tudo tão calmo, tão eterno: só nós estamos mudados, tão agitados; até tornamos a encontrar algumas pessoas, nas quais o tempo não meteu dente mais do que num carvalho: camponeses, pescadores, habitantes da floresta... são os mesmos. Comoção, compaixão consigo próprio, à vista da cultura inferior, é sinal de cultura superior; donde se conclui que, por intermédio desta, a felicidade, em todo o caso, não foi acrescida. Justamente, quem quiser colher da vida felicidade e deleite só tem que se desviar sempre da cultura superior.”
Friedrich Nietzsche, in Humano, Demasiado Humano

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