“A
visão das imediações da nossa infância comove-nos: a casa de
campo, a igreja com as sepulturas, a lagoa e o bosque... é sempre
com padecimento que voltamos a ver isso. Apodera-se de nós a
compaixão para com nós próprios, pois por que sofrimentos não
passamos, desde então! E ali continua a estar tudo tão calmo, tão
eterno: só nós estamos mudados, tão agitados; até tornamos a
encontrar algumas pessoas, nas quais o tempo não meteu dente mais
do
que num carvalho: camponeses, pescadores, habitantes da floresta...
são os mesmos. Comoção, compaixão consigo próprio, à vista da
cultura inferior, é sinal de cultura superior; donde se conclui que,
por intermédio desta, a felicidade, em todo o caso, não foi
acrescida. Justamente, quem quiser colher da vida felicidade e
deleite só tem que se desviar sempre da cultura superior.”
Friedrich
Nietzsche,
in
Humano, Demasiado Humano
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