Ramona
Caraballo foi dada de presente assim que aprendeu a caminhar.
Lá
por 1950, sendo ainda menina, ela estava como escravazinha numa casa
de Montevidéu. Fazia de tudo, a troco de nada.
Um
dia, a avó chegou para visitá-la. Ramona não a conhecia, ou não
se lembrava dela. A avó chegou vinda do interior, do campo, muito
apressada porque tinha que regressar em seguida. Entrou, deu uma
tremenda surra na neta, e foi embora.
Ramona
ficou chorando e sangrando.
A
avó tinha dito, enquanto erguia o rebenque:
– Você
não está apanhando por causa do que fez. Está apanhando por causa
do que vai fazer.
Eduardo
Galeano, in Mulheres
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