Ontem
tinha um escritor conselheiro sentimental no bar falando que o amor é
uma virtude e tal. Que é benevolente, magnânimo, eterno e outras
porradas de frases feitas dos filmes da sessão da tarde. De vez em
quando eu tomava uns goles e ria das coisas que ele falava. Uma
porrada de porcarias para enganar leitoras da Revista Contigo. Aí
uma hora fui ao banheiro cheirar meu pó e o vi molhando o cabelo e
ajeitando a camisa por dentro da calça. Dei um chute no calcanhar
dele e disse “sabe o que é o amor? É isso. Um chute no
calcanhar.” Ele ficou sem reação. Não chutei com força. Chutei
devagar para ele entender que o amor não avisa. O amor é marginal.
Ele invade. Não pede licença. É o ladrão soturno. Aí continuei
bebendo minha cerveja e cheirando tranquilo no banheiro até que o
bar fechou e vi uma morena caminhando. A bunda mais linda que já vi
na vida. Caminhei quase a Avenida Getúlio Vargas inteira olhando pra
bunda dela até tropeçar e cair numa sarjeta. A viatura parou. Os
caras me viram soltando gargalhadas olhando para as estrelas e me
deram um baculejo: “cadê a maconha, filho da puta?! Tá rindo pra
caralho de quê? fala! Cadê a porra da maconha?” continuei rindo e
levando chutes e socos na costela. O amor também é engraçado.
Diego
Moraes, in
ursocongelado.tumblr.com
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