Cerimônia
Cintila
a túnica dourada. Quarenta e cinco anos depois de sua morte,
Montezuma encabeça a procissão. Os cavaleiros entram, a trote
lento, na praça maior da Cidade do México.
Os
bailarinos dançam ao som dos tambores e ao lamento dos pífanos.
Muitos índios, vestidos de branco, levantam ramos de flores; outros
sustentam enormes caçarolas de barro. A fumaça do incenso se
mistura aos aromas das comidas picantes.
Na
frente do palácio de Cortez, Montezuma desce do cavalo.
A
porta se abre. Entre seus pajens, armados com altas e afiadas
alabardas, aparece Cortez.
Montezuma
humilha sua cabeça, coroada de plumas e ouro e pedras preciosas.
Ajoelhado, oferece grinaldas de flores. Cortez toca seu ombro.
Montezuma se levanta. Com gesto lento, tira a máscara e descobre os
cabelos cacheados e os bigodes de pontas altas de Alonso de Ávila.
Alonso
de Ávila, senhor de forca e punhal, dono de índios, terras e minas,
entra no palácio de Martín Cortez, marquês do vale de Oaxaca. O
filho do conquistador abre sua casa ao sobrinho de outro
conquistador.
Hoje
começa oficialmente a conspiração contra o rei da Espanha. Na vida
da colônia, nem tudo são saraus e torneios, baralhos e caçadas.
Eduardo Galeano, em Os Nascimentos
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