Enquanto
isso, minha fama crescia cada vez mais. Tanto assim, que de repente
começaram a me chamar para contar filmes a domicílio.
Principalmente os funcionários e os comerciantes, que eram os mais
abastados da Mina.
Então,
como o dinheiro que juntávamos em minhas apresentações estava
sendo suficiente para que nos déssemos pequenos luxos, como comprar
bebidas para o almoço e me mandar ao cinema praticamente todo dia –
apesar de quase todo meu lucro ir para as garrafas de vinho de meu
pai, que aumentaram visivelmente em quantidade e qualidade –, não
sei de quem foi a ideia de mandar imprimir cartões de visita. Com
filetes dourados e uma letra cheia de firulas:
FADA
DOCINE
Contadora
de filmes
Foi
aí que começou a minha desgraça.
Hernán Rivera Letelier, em A Contadora de filmes
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