sábado, 10 de junho de 2023

Escuridão e lucidez

Roberta Cunha, ao ser convidada para o réveillon na casa de sua amiga Luciana Picoli, respondeu que festa de fim de ano era pior que baile de debutante. Mas Luciana garantiu que não seria permitido a ninguém ir de branco, não haveria queima de fogos, não seria servido Prosecco e antes da chegada da meia-noite não entoariam o coro “cinco! quatro! três! dois! um!” seguido de gritadas e abraços etílicos.
Não vou fazer a festa no apartamento da Vieira Souto, corremos o risco de alguém sugerir um congraçamento com a rafameia supersticiosa na areia da praia infestada por macumbeiros, que chegam aos magotes da Baixada, em ônibus especiais. Vamos nos reunir na minha casa de Araras. Se te der uma daquelas crises, pode ir embora que eu não fico triste. Você precisa sair mais, uma mulher linda como você, sempre enfurnada dentro de casa.”
Em Araras?”
Você já foi lá, bem no alto, no meio da floresta. Quer um mapinha para te orientar?”
Sei onde é, mas me dá o mapa, é um caminho complicado, não quero me perder.”
Ficar sozinha em casa no último dia do ano, por algum motivo, sempre deixava Roberta Cunha infeliz. A solidão de sua vida a incomodava, mas todos os homens lhe causavam uma espécie de aversão e suas amigas eram umas idiotas fúteis. Nada esperava da festa da Luciana, a não ser passar algumas horas que a distraíssem um pouco. E se isso não fosse possível, o que provavelmente ocorreria, ela sairia à francesa, na hora em que o tédio a dominasse.
Apesar de ter o mapa para se orientar, Roberta Cunha se perdeu várias vezes pelo caminho. Afinal conseguiu chegar, arrependida de ter ido.
Eu talvez saia mais cedo, coloque o meu carro numa posição favorável”, disse ao manobrista.
Luciana Picoli recebeu-a com um abraço apertado. Roberta gostava de Luciana, não obstante ela fosse tão frívola quanto as suas outras amigas.
Creio que você conhece muitas das pessoas que estão aqui. Qualquer coisa que precisar, me fala.”
Havia vários homens solteiros e atraentes na festa, mas Luciana não se atreveu a apresentá-los a Roberta. Certa ocasião, ao tentar fazer algo parecido, Roberta, irritada, a chamara de alcoviteira.
Garçons serviam bebidas e iguarias. Mais tarde seria servido um bufê quente. Roberta, com uma taça de vinho tinto na mão, ficou observando os convivas. As mulheres eram magras, elegantes, as mais jovens exibindo os abdomes nus esculpidos nas academias de ginástica, alguns enfeitados com piercings de ouro ou platina, incrustados com pequenas pedras preciosas. A forma física dos homens não era tão boa, ganhar dinheiro e ser rico bastava para satisfazer-lhes a vaidade. Roberta observou como as pessoas se sentavam, conversavam, bebiam e falavam umas com as outras, exalando consumismo e sucesso. Não se aproximou para ouvir o que diziam, certamente novidades veiculadas pelos jornais e pela televisão a cabo. Aquele tipo de gente lhe causava uma forte antipatia. Estava na hora de ir embora.
Começou a sua retirada estratégica indo até uma das varandas da casa, fingindo que observava a floresta escura. Era assim que ela fugia das festas, evitando ser notada durante algum tempo, antes de sair dissimuladamente.
Você gosta da escuridão?”
Um homem surgiu ao seu lado fumando um charuto.
O quê?”
O fumo do charuto a incomoda?”
Não, meu pai fumava charuto.”
Tem gente que não gosta da fragrância do charuto. Por isso vim fumar aqui nesta varanda isolada. Como não há nada para ver desta varanda escura, ninguém vem aqui. Você contemplava a escuridão. Era isso que você estava procurando? Notei, lá dentro, que você procurava alguma coisa.”
Procurava uma maneira de ir embora sem ser notada.”
Você procurava outra coisa.”
Mas não era nenhuma escuridão.”
A escuridão é uma forma de encontrar a lucidez. Mas é difícil encontrá-la.”
A lucidez?”
A escuridão. Já fui para o meio da floresta fugindo da luz da cidade, mas não consegui encontrar a verdadeira treva. Descia do céu, por entre a copa das árvores, mesmo nas noites nubladas ou chuvosas, uma palescência, um chiaroscuro de percepções distorcidas, um banquete de visões fantasmagóricas para imaginações primitivas. Ver para crer, crer para ver, sempre a mesma ilusão. Esqueci de falar dos mosquitos e dos pirilampos da floresta, que pungiam minha pele e minhas retinas. Deixei a floresta para os insetos e voltei para minha casa.”
Você fugiu de algum hospício?”
Ainda não fui internado. Internar um advogado num hospício não é uma tarefa fácil.”
Você é advogado?”
Sou. E você, já foi internada?”
Eu não gosto de escuridão. Quando era pequena, o meu pai me trancava no porão da nossa casa quando eu fazia alguma coisa errada. O porão era escuro como breu, eu morria de medo.”
Mas continua gostando do cheiro de charuto.”
Meu pai era um bom homem. Eu não tinha mãe e era muito endiabrada.”
Quantos anos você tinha?”
Seis, sete, oito anos.”
Um bom homem... Trancada no porão: sua internação é questão de tempo. A não ser que você vença esse medo.”
Um advogado entende dessas coisas, também?”
Eu entendo dessas coisas. Você faz o quê?”
Desenho industrial.”
Na varanda escura, Roberta não conseguia ver muito bem o seu interlocutor. Não queria encará-lo, para observar como ele era exatamente, mas gostava do som da sua voz e também dos seus pensamentos insólitos, ainda que provavelmente tudo não passasse de um estratagema, dizia coisas incomuns para mostrar que era um homem diferente. Algumas mulheres eram seduzidas por esse artifício. Mas não ela.
Já fez o desenho de uma cadeira?”
Torradeira de pão, calendário eletrônico, relógio de parede, coisas mais fáceis. Nunca me pediram uma cadeira.”
Por que você não está com o umbigo de fora?”
Digamos que o meu umbigo é feio.”
Não existe umbigo feio. Todos possuem um transcendente significado pré-autonômico. Uma parte significativa do corpo, além de ser atraente, fascinante, misterioso, na mulher. Umbigo é vida.”
E os umbigos dos homens?”
Não são atraentes.”
Pré-autonômico?”
O corte do cordão é o início da autonomia do ser. Vamos dar o fora daqui?”
Você vai na frente. Vou encontrar dificuldade para achar o caminho de volta.”
O homem esperava por Roberta no estacionamento. Ela seguiu o carro dele pela estrada escura de Araras. Quando o homem parou ao chegar à rodovia, os carros ficaram emparelhados.
Vamos para o Rio?”
Eu não vou seguir você sem saber o seu nome.”
Inácio Vieira.”
Roberta Cunha.”
Ele fez um gesto, como se a cumprimentasse. Roberta imitou-o.
Acho melhor eu ir agora na frente. Sei o caminho e você corre muito” disse Roberta.
Quando chegaram à cidade, Roberta parou o carro na porta de um edifício de apartamentos. Inácio saltou do seu carro. Ela continuou sentada ao volante.
Eu moro aqui.”
Ele abriu a porta do carro para Roberta sair.
Então Roberta pôde olhar bem para o homem.
Você quer subir?”
Só se você me oferecer um cafezinho.”
Combinado.”
Subiram para o apartamento.
Inácio ficou na sala enquanto Roberta ia fazer o cafezinho. Quando voltou, ele estava olhando a prancheta de desenhos dela.
Eu trabalho em casa. Frila. Você é casado?”
Não.”
Tem namorada?”
Não. E você?”
Nem marido nem namorado.”
Eu devia perguntar como é que uma moça bonita dessas não tem namorado, mas não vou fazer isso.”
É uma pena que eu não possa dizer a mesma coisa. Você não é um homem bonito.”
Minha mãe me achava bonito.”
É mesmo?”
Não. Ela achava o meu irmão bonito. Mas ele já morreu, livrei-me desse peso.”
Sua internação também é questão de tempo. Ah, esqueci que é difícil internar um advogado.”
Até matar um advogado é difícil.”
Você quer ver o meu umbigo?” .
Quero.”
Roberta levantou a blusa, revelando a barriga. Inácio, com a língua, acariciou o umbigo de Roberta.
Tenho que limpar o meu umbigo com um cotonete, ele é muito fundo, enfia o dedo nele, para ver. Não é engraçado?”
Você já fez amor com um homem feio?”
Não, hoje vai ser a primeira vez.”
Foi assim que tudo começou. Roberta nunca fora para a cama com um homem no primeiro encontro, algo vulgar, deselegante. Mas o último dia do ano predispõe as pessoas a cometerem atos intempestivos.
No dia seguinte, Roberta ligou para Luciana, em Araras.
Conheci um homem muito... estranho, na sua casa, ontem.”
Então foi por isso que você sumiu de repente? Pensei que estava achando a festa chata. Chegou a provar o bufê? Estava uma maravilha. E o vinho era o Bordeaux que você tanto aprecia.”
Os bufês da sua casa são sempre uma maravilha. Tomei apenas um cálice do vinho, que estava excelente. Porém nós decidimos ir embora, não que o ambiente estivesse desagradável. Queríamos conversar tranquilamente.”
E quem é essa figura tão fascinante que fez você abandonar a minha festa?”
O nome dele é Inácio Vieira.”
Inácio Vieira? Como é que ele é?”
É um advogado, inteligente, não é bonito nem feio, parece um cão.”
Um cão? Nossa Senhora!”
Um daqueles cães grandes de olhar doce. Ele é encantador.”
Não conheço nenhum Inácio Vieira, ainda mais com cara de cão.”
Não é cara de cão, lembra um cão.”
Provavelmente ele veio com algum dos convidados. Onde é que ele mora?”
Não sei.”
Vocês, quando saíram daqui, foram para onde?”
Ele me levou até a minha casa.”
Roberta não ia contar o que realmente acontecera para Luciana. Não tinha coragem.
Só isso?”
Só. Conversamos um pouco na porta do edifício e ele foi embora.”
Esse cara de cão deve ser muito interessante, para tê-la impressionado tanto, em tão pouco tempo. Faço questão de que você me apresente o personagem.”
Quando desligou o telefone, Roberta sentiu vontade de ligar para Inácio e procurou o nome dele na lista telefônica. Não achou. Ele era mesmo o tipo de homem que não deixava o nome constar da lista. Não lhe dera o número do telefone, dizendo que ligaria para ela. “Tem um papel, para anotar o meu número?”, ela perguntara, e ele respondera, batendo com o dedo na cabeça: “Pode dizer, eu guardo aqui.”
Roberta esperou, ansiosa, durante três dias, um telefonema de Inácio. A secretária eletrônica permaneceu muda. O maluco deve ter esquecido o meu número, pensou.
No quarto dia, Inácio ligou.
Quero que você conheça a minha casa. Posso passar aí para te pegar? São oito horas, passo às nove horas. É muito tarde para você?”
Não, não e não.”
Roberta morava no Leblon. A viagem até a casa de Inácio foi demorada. Roberta nunca fora para aquele lado da cidade, as ruas eram todas desconhecidas. A casa ficava num lugar isolado, no meio de um grande e denso arvoredo, uma casa grande, antiga, com dois andares e um sótão com uma pequena janela.
Que lugar é este?”
Pode chamar de Alto da Boa Vista.”
As luzes da casa estavam todas acesas. A porta principal, de madeira maciça, com altos relevos, abria para um salão enorme, decorado com móveis e quadros antigos, além de uma grande estante cheia de livros. Roberta leu a lombada de alguns. Nenhum era de Direito ou assunto semelhante.
Gosta da minha casa? Está com a minha família desde o tempo do meu bisavô.”
Inácio levou-a até uma das janelas. Apontou com a mão: “Um dia vamos subir juntos por essa floresta até o pico do Papagaio.”
Então é essa a floresta onde você se mete em busca da escuridão?”
Uma delas. Mas as trevas não existem mais na natureza.”
Inácio levou Roberta para visitar os inúmeros cômodos da casa.
Uma casa grande dessas deve exigir uma porção de empregados.”
Dois faxineiros, duas arrumadeiras, dois jardineiros e uma cozinheira. Todos trabalham durante o dia. Não gosto de empregados dormindo na casa.”
E o jantar?”
Janto fora. Mas tenho alimentos para satisfazer uma fome inesperada. Queijos, frutas, biscoitos, latas... E o vinho de que você gosta. Vou apanhar na adega.”
Voltou com dois copos e uma garrafa.
Como é que você sabe que eu gosto desse vinho?”
Naquela festa você bebia vinho tinto. E o melhor vinho tinto é o Bordeaux.”
A Luciana disse que não conhece você. Como foi parar naquela festa?”
Penetrei. Soube que havia aquela festa no meio do mato. Você viu o meu carro?”
O que tem o seu carro?”
É um carro novo. Você chega com um carro novo em qualquer festa de fim de ano na serra e os seguranças do estacionamento acham que é um dos convidados. Difícil é penetrar numa festa de forró.”
Já foi numa festa de forró?”
Não consegui penetrar.”
Com carro novo e tudo?”
Festa de forró não tem estacionamento. Agora vou apagar as luzes da casa.”
Apagar as luzes?”
É uma experiência.”
Inácio apagou todas as luzes.
Roberta ficou um pouco assustada, no escuro. Lembrou-se do porão onde era trancada quando criança.
Como você pode perceber, depois de algum tempo, também não existe escuridão em minha casa, mesmo com as luzes todas apagadas. As cortinas da janela não impedem que entre alguma claridade da rua distante, de uma casa isolada no meio do mato, ou aquela que desce do céu noturno. A escuridão no mundo acabou. Você pode ver o meu vulto, não vê? Agora, fecha os olhos, por favor.”
Roberta, nervosa, fechou os olhos.
Ficou mais escuro, com os olhos fechados? Não, não ficou mais escuro. Os olhos fechados criam uma pseudo-escuridão cheia de manchas de um marrom latejante, a visão do interior das suas pálpebras. A escuridão perfeita só pode ser vista plenamente com os olhos abertos. Mas tenho um lugar onde isso pode ocorrer.”
Inácio acendeu as luzes da casa.
Voltaram a beber. O vinho e as luzes acesas dissiparam a aflição de Roberta.
Foram para a cama com as luzes acesas. O prazer que Roberta sentira da primeira vez foi ainda maior. Inácio sabia que partes do seu corpo eram mais sensíveis e não tinha pressa, e as sensações se sucediam até que ela novamente se entregava a um langoroso orgasmo.
Gostaria de não ter que ir embora. Posso dormir aqui?”
Infelizmente, não. Vou te levar para casa.”
Posso voltar amanhã?”
Pode. À noite.”
Mas eu não sei vir aqui.”
Eu pego você. Mesma hora?”
No dia seguinte Roberta ficou olhando para a prancheta sem conseguir trabalhar, pensando no encontro com Inácio.
Durante um mês eles se viram todas as noites. Inácio sempre ia buscá-la em casa. Ela mal conseguia fazer o seu trabalho.
Uma noite, quando entrou no carro de Inácio, ela perguntou:
Você acredita no amor? Diga que acredita, porque eu te amo.”
Assim de repente?”
Já existe o amor-assim-de-repente. Você me ama? Nunca amei nenhum homem, antes.”
Antes de responder, quero que você prove que me ama realmente.”
Faço o que for preciso.”
Chegaram à casa de Inácio, comeram queijos, tomaram vinho e fizeram amor, Roberta de maneira mais ardente ainda que das outras vezes.
Essa prova é suficiente?”
A prova é outra. Lembra que eu falei que há um lugar onde existe a escuridão perfeita?”
Lembro.”
Eu quero que você frua o inefável prazer da escuridão plena.”
Está bem. Fecho os olhos, ou o quê?”
Quero que você venha comigo ao porão da minha casa.”
Porão? Eu tenho medo de qualquer porão. Sei que é um sentimento infantil...”
O seu amor não é maior do que isso?”
Posso entrar em pânico, ou outra reação pior.”
Não quero pressionar você. Mas a prova é essa.”
Mas você me ama?”
Respondo depois da prova.”
Você é maluco.”
Você já me disse isso. O porão é limpo, não tem bichos nem odores desagradáveis, um ar-condicionado central refresca o ambiente. Só apago as luzes quando você disser que pode.”
Está bem”, disse Roberta, hesitante.
Desceram por uma comprida escada de pedra e chegaram a uma porta de metal.
Mandei fazer esta porta. Fecha hermeticamente. O porão é também à prova de som.”
Inácio tirou uma chave do bolso e abriu a porta, que era grossa como a de um cofre forte de banco.
Para que essa chave?”
Não gosto que os empregados entrem aqui sem minha licença.”
As paredes do porão eram lisas, cobertas por um material escuro que parecia absorver a luz que vinha do corredor. Num canto, uma cama, com um lençol que parecia de linho. No meio do recinto, o ar-condicionado.
Vamos ficar no escuro fazendo amor naquela cama?”
Hoje não. Hoje você vai ficar sozinha aqui, durante algum tempo.”
No escuro? Você vai me trancar no escuro, sozinha?”
No escuro, sozinha.”
Não aguento. Tenho medo. Não me obriga a fazer isso.”
Não estou obrigando. Estou colocando à prova seu amor por mim, ao mesmo tempo que lhe darei a oportunidade de fruir da maior de todas as experiências negada ao ser humano — a escuridão absoluta. Se você sentir então o que eu sinto, saberei se a amo.”
Você é mesmo doido, sabia? Quero ir embora.”
Então vai. As chaves do meu carro estão na ignição. Vou ficar um pouco aqui.”
Roberta saiu, correndo. Ouviu a porta sendo trancada, o barulho da lingueta da fechadura. Subiu as escadas de pedra, sempre correndo, até que chegou ao pátio onde estava o carro de Inácio. Entrou, sentou-se em frente ao volante, notando com um suspiro de alívio as chaves na ignição. Esperou, algum tempo, que o seu coração sossegasse.
Meia hora depois, saiu do carro e entrou novamente na casa. Desceu as escadas de pedra e foi até à porta do porão.
Bateu na porta, gritando. “Inácio, me deixa entrar.”
Durante algum tempo gritou, bateu na porta com força, ferindo as mãos. Ele não pode ouvir, pensou, lembrando-se de que o porão era à prova de som.
Sentou-se no chão, com as costas apoiadas na porta. Inácio ia ter que sair dali, ela ia esperar. Estava tão cansada que dormiu e sonhou com o seu pai, mas não foi um pesadelo.

Rubem Fonseca, in Pequenas Criaturas

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