A
Alma e a Geringonça, aí é que está o problema.
Seremos
acaso uns autômatos cuja complexidade de reações nos faz acreditar
num ilusório livre-arbítrio?
Essa
coisa dos torpedos autodirigíveis dá para desconfiar um bocado...
Acontece que somos muito mais complicados do que eles — eis tudo.
Mas
este jogo de pensamentos em que nos comprazemos é tão limitado como
um jogo de palavras.
Se
não, já teríamos descoberto e resolvido tudo, em tantos e tantos
séculos de funcionamento.
É
verdade que temos tido jogadores hábeis como Platão, para apenas
citar um craque da Antiguidade. Mas se nem Platão, muito menos eu e
tu, leitor...
Nós
só podemos ir movendo as peças, sem esquecer que, embora as
partidas pareçam variar ao infinito, o movimento de cada peça é
único e as regras do jogo são imutáveis, embora convencionais,
como as de qualquer jogo.
E,
se fôssemos infringir as regras, seria impossível jogarmos.
Continuemos,
pois, a brincar com a máxima seriedade. Porque jogo é jogo.
Mário Quintana, in Caderno H
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