Eu
cantei já, e agora vou chorando
O
tempo que cantei tão confiado:
Parece
que no canto já passado
Se
estavam minhas lágrimas criando.
Cantei;
mas se me alguém pergunta, quando?
Não
sei; que também fui nisso enganado.
É
tão triste este meu presente estado,
Que
o passado por ledo estou julgando.
Fizeram-me
cantar manhosamente
Contentamentos
não, mas confianças:
Cantava,
mas já era ao som dos ferros.
De
quem me queixarei, se tudo mente?
Porém
que culpas ponho às esperanças,
Onde
a fortuna injusta é mais qu’os erros?
Luís Vaz de Camões
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