Meu
primeiro beijo deve ter sido como é o de qualquer um: cheio de
expectativas, com alguém que também estava a fim e certamente
horrível (o beijo, não a pessoa). Lembro de pensar durante o beijo:
“qual é a graça de ficar batendo meus dentes nos dentes da outra
pessoa?”. Naquela hora não fazia sentido nenhum alguém gostar de
beijar na boca. Porém existe uma relação estranha entre meu
primeiro beijo e vários outros que eu dei na vida: uma festa.
Acho
que pelo fato do meu primeiro emprego ter sido aos 15 anos como
iluminador (e depois DJ) em uma casa noturna, meus encontros por
muito tempo aconteceram ao som de Vinny, Aqua, Corona, Kelly Key e
até Morena Tropicana do Alceu Valença. Ultimamente tem sido mais ao
som de Lady Gaga, Strokes e vez ou outra um Los Hermanos, ou seja,
não melhorou tanto.
Nessa
época me lembro de estar com meu amigo Alberto numa festa e uma
mulher mais velha ir falar para ele que queria ficar comigo. Achei
aquilo interessante, afinal de contas as garotas do meu colégio
nunca tinham se interessado por mim e uma mulher com o dobro (ou
mais) da minha idade tinha. Isso é excitante e ao mesmo tempo
triste. Nos encontramos num canto escuro, trocamos algumas palavras e
ela veio me beijar. Como eu não sabia fazer isso, o beijo não tinha
pressão, vazava ar, as bocas não criavam aquele vácuo do beijo. Aí
vieram os dentes batendo um no outro e eu achando essa coisa de beijo
a coisa mais inútil do mundo depois do mamilo masculino (pra quê
serve o mamilo masculino além de marcar na roupa em dias frios?).
Lembro
claramente dela me perguntar:
– É
a primeira vez que você beija?
– Claro
que não!
– Então
você tem problemas.
Esse
foi o pior beijo que eu já dei na vida!
Nem
eu, nem ela e nem ninguém poderia prever quantos problemas eu teria
em relação a isso dali pra frente! Acho que, no mínimo, uns 50.
Rodrigo
Fernandes,
in
Tinha
tudo pra dar certo se não fosse eu!
Nenhum comentário:
Postar um comentário