“Portanto,
se quero viver, devo esquecer que meu corpo é histórico, devo
lançar-me na ilusão de que sou contemporâneo dos jovens corpos
presentes, e não de meu próprio corpo, passado. Em síntese:
periodicamente, devo renascer, fazer-me mais jovem do que sou. Com
cinquenta e um anos, Michelet começava sua vita nuova: nova
obra, novo amor. Mais idoso do que ele... eu também entro numa vita
nuova... Empreendo, pois, o deixar-me levar pela força de toda
força viva: o esquecimento. Há uma idade em que se ensina o que se
sabe; mas vem em seguida outra, em que se ensina o que não se sabe:
isso se chama pesquisar. Vem talvez agora a idade de uma outra
experiência, a de desaprender, de deixar trabalhar o remanejamento
imprevisível que o esquecimento impõe à sedimentação dos
saberes, das culturas, das crenças que atravessamos.”
Roland
Barthes, in Aula
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