Passarinho
parnasiano,
nunca
rimo tanto como faz.
Rimo
logo ando com quando,
mirando
menos com mais.
Rimo,
rimo, miras, rimos,
como
se todos rimássemos,
como
se todos nós ríssemos,
se
amar fosse fácil.
Perguntarem
por que rimo tanto,
responder
que rima é coisa rara.
O
raro, rarefeitamente, para,
como
para, sem raiva, qualquer canto.
Rimar
é parar, parar para ver e escutar
remexer
lá no fundo do búzio
aquele
murmúrio inconcluso,
Pompeia,
ideia, Vesúvio,
o
mar que só fala do mar.
Vida,
coisa pra ser dita,
como
é dita este fado que me mata.
Mal
o digo e já meu dito se conflita
com
toda a cisma que, maldita, me maltrata.
Paulo
Leminski
Nenhum comentário:
Postar um comentário